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Bicentenário da Independência – 07/09/1822-2022

Bicentenário da Independência – 07/09/1822-2022

ícone relógio04/09/2021 às 14:11:25- atualizado em  
Bicentenário da Independência – 07/09/1822-2022

Eis que são passados 200 (duzentos) anos, do famoso grito retumbante de “independência ou morte”, dado pelo primeiro Imperador do Brasil, D. Pedro I, as margens do Ipiranga, no dia 07 de setembro de 1822, cujo, hoje os historiadores nos contam que não ocorreu com a pompa do famoso quadro de Pedro Américo... e, pior! Chegamos aos bicentenário de forma melancólica!


Chegamos aos bicentenário sem pompas nem circunstâncias, até a reinauguração do museu do Ipiranga(SP) é cercada de polêmicas, após anos fechado para reforma e com reabertura programada, para a data do bicentenário, saí faísca entre o governo Federal e o Governo de São Paulo, visto que o secretário especial de Cultura do governo de Jair Bolsonaro, Mário Frias, usou as redes sociais, para ameaçar o governador de São Paulo, João Doria, pasmem, caso o tucano reinaugure o Museu do Ipiranga, no feriado de 7 de setembro, sem sua autorização, rejeitaria as contas da reforma! Pergunto eu: Só por birra? 


             A data magna da nação perdeu força no imaginário popular, comercio e Shoppings abrem, desfiles cívicos militares são cancelados em Brasília e, em quase todos os Estados, nas escolas, sejam da rede pública ou privada a data passará em brancas nuvens. 


             A “Independência” sonhada para o Brasil por D. Pedro I está longe de ser conquistada, a Terra Brasilis passa por, talvez, a sua mais profunda crise, desde a redemocratização, pois, a República e a democracia tem seus pilares atacados, pelo próprio presidente da república, que deveria ser o primeiro a defende-las, e faz questão de ignorar os valores da democracia, prega a desunião entre compatriotas, semeia o ódio, planta a discórdia, incentiva a violência e deixa a mercê da sorte os filhos da pátria. 


            Não há soberania, pois, um governo central vassalo dos Estados Unidos, órfão de liderança internacional, pois, Trump, que era sua inspiração caiu; um governo que no campo das relações exteriores é um verdadeiro desastre diplomático, corrompendo a história do Itamaraty envergonhando as tradições brasileira que já contou com nomes notáveis como: Alexandre de Gusmão (1695 – 1753),  "o avô da diplomacia brasileira,  José Bonifácio de Andrada e Silva (1763 – 1838), o "Patriarca da Independência" e o “Primeiro Chanceler do Brasil”, Barão do Rio Branco  - José Maria da Silva Paranhos Júnior - (1845-1912), "Patrono da diplomacia brasileira", “A Águia de Haia¨, Rui Barbosa de Oliveira;  Oswaldo Aranha (1894-1960), diplomata que foi considerado fundamental para a decisão da ONU na criação do Estado Judeu, em 1948;  Francisco Clementino de San Tiago Dantas (1911-1964), tido como o principal chanceler da Política Externa Independente; também, João Cabral de Melo Neto (1920-1999), o poeta acusado de ser comunista, voltou-se para o terceiro mundo e  finalmente, Celso Amorim (1942) Diplomata e político, deu prioridade ao fortalecimento das relações com os países da América Latina, preparando a implantação do Mercosul, em 1995; No atual governo os chanceleres só causam vergonha. 


              Num Brasil bicentenário temos, como destaque, a fome que voltou a ocupar as matérias jornalísticas, embora produzamos alimentos capaz de alimentar três ou quatro vezes nossa população, e o desemprego e estagnação econômica como fruto de um governo que não governa, um governo que tem um projeto de poder baseado na força bruta, que flerta abertamente com o fascismo e com o nazismo, que sonha com um regime ditatorial e que prefere o fuzil ao feijão!
         

   Aproximam-se as eleições presidenciais de 2022 e o que deveria ser a grande festa da democracia, está ameaçada de se transformar em escaramuças, em uma batalha aberta, em fratricídio e a depender do Governo Federal em guerra civil, pois, a todo tempo ameaça golpe de Estado o que não deixaria outra alternativa senão resistir. 


            É tarefa que se impõe, a cada brasileiro, é defender a democracia, as liberdades individuais, a Constituição e as leis vigentes, pois, “o preço da liberdade é a eterna vigilância” (John Philpot Curran -1750-1817).


            Enfim, passados duzentos anos da independência, ainda temos um país a construir, uma nação a unir, uma República a manter e uma democracia a defender, temos mais ainda: um povo a alimentar e fazer feliz, pois, recursos naturais e riquezas é o que não falta a esse Brasil.
 


Clóvis Santos 
É advogado – Filiado ao PT